domingo, 3 de março de 2013
EuSóQueriaUmCafé!
Poucas frases
ditas e ouvidas parecem aprisionar tanto quanto "eu te amo". Às
vezes, só de pensar que amamos alguém ou que alguém nos ama já aprisionou ou
somos aprisionados. É como se o amor fosse tudo. Mas, não, não é ou pelo menos
não deveria ser. A gente trata o amor como se ele fosse justificativa para
tudo. Não no sentido de usar o amor como razão para alguém levar um carro de
som para a porta da casa do outro tocando alguma balada da Mariah Carey ou para
chamar um homem barbado e peludo de 30 anos de idade de "bebê", mas
no sentido de achar que por alguém nos amar devemos aceitar tudo que ele faça
(ou não faça). A pessoa que você ama não tira um tempo para te acompanhar nos
eventos que são importantes para você, não te inclui nos programas dela, acha
que toda reclamação sua é um drama, marca algo e não aparece, não atende e
depois não retorna, não cuida de você nem da relação, mas diz que te ama,
então, você tolera tudo. Ele não te ama, mas diz que ama, então, tudo bem! Ele
diz que você é importante para ele, mas não faz a mínima questão de te ter ao
lado, não na vertical, em um bom abraço, em uma boa conversa, você só interessa
na horizontal, em uma cama, de preferência com as luzes apagadas e sem demorar
muito, sabe como é, né? Ele é muito ocupado! A gente faz do amor a nossa última
esperança de uma vida feliz, então aprendemos a pagar qualquer preço pela idéia
de que alguém no mundo nos ama, de que alguém no mundo nos pertence, de que
pertencemos a alguém. E o preço pago por vezes é tão alto que vamos aceitando
"cheque sem fundo" como "amor da minha vida", e só
percebemos a furada na hora do "saque", na hora que precisamos de
alguém e descobrimos que não temos. Ou fazemos com que paguem sem merecermos,
pois quando percebemos que o outro nos ama ao invés de o tratarmos ainda
melhor, achamos, mesmo que inconscientemente, que ele vai ter que provar. Se
ele ama mesmo ele vai ter que conhecer o meu pior e continuar amando, ele vai
ter que aceitar tudo, se me ama de verdade! Tolice. Transformamos o amor que
nos tinham em ódio e ainda deixamos quem nos amava como se a culpa não fosse
nossa. Será que você sabe amar? Será que você sabe ser amado? Sentir amor te
isenta de agir com amor (se isso for possível)? No amor, no sentimento, no
relacionamento, no coração, qual a sua ação para ter e manter um amor? Sei que
falar de amor e flores é um pouco brega, mas não temo ser brega, temo ser
alguém infeliz. Se o amor fosse uma flor qual delas você iria preferir ter e
ser: um buquê lindo, que a todos encanta, comprado na melhor floricultura, mas
que em alguns dias (ou horas) morreria, ou uma flor de plástico, artificial,
mas que duraria por todo o sempre, amém, ou uma semente que demoraria para
florescer, que viveria o tempo que tivesse que viver, mas seria real, natural e
única? Você escolhe, você colhe. Na vida cada um decide com o que a própria
vida será gasta, o que desgasta, mas para todos a vida ensina, não basta, amar
não basta. Então, não se encante com "eu te amo", o amor faz feliz
quando o outro puder te dizer, sem receio, "eu te mereço".
Assinar:
Postagens (Atom)